Aline. Leio há um tempo o que você escreve. Também sou mãe atípica de um autista, de alto grau de suporte, não oralizado que hoje tem 19 anos. Conheci você através do Thiago Ranniery que foi meu professor na pós (em algum momento ele compartilhou algo que você escreveu e eu achei interessante e comecei a te seguir... isso foi bem antes do diagnóstico do seu filho... falo isso só para te dizer que me identifico muito com alguns posicionamentos seus de mãe atípica que também são políticos). Meu filho só começou a se comunicar aos 12 anos e através da escrita. Quando isso aconteceu, percebi que todo o tempo e trabalho investido desde os 3 anos dele valeram muito a pena. Ele foi armazenando muita coisa, da maneira dele - e que era muito, mas muiiito melhor do que eu poderia conceber. Ainda assim, até hoje, comunicar é um trabalho de muita insistência. Mas o fato da gente conseguir conversar através da escrita dele já foi um salto e tanto. Também fazemos CAA para a comunicação rotineira. Confia, confia e confia.
No geral as pessoas gostam muito das “boas mães atípicas”, no sentido de conseguir achar sentido, propósito, crescimento nas adversidades que o autismo traz. Todas estão tentando fazer o seu melhor, mas sinto quase um “ alívio cristão” quando as pessoas exaltam essa visão, e nunca é por empatia real, é por manter de uma certa forma as mães conformadas e no seu papel de doar tudo sem reclamar, sem precisar de rede de apoio, sem política pública.
Meu filho tem 20 anos e é autista não verbal. Me separei da mãe dele quando ele tinha oito anos e fiquei com guarda dele. Eu também gostaria que meu filho falasse. E sempre há culpa na minha relação com ele. Afinal, além do autismo dele, sempre tivemos muitos problemas familiares para enfrentar. Depois eu reparei que nas histórias que eu escrevia, sempre havia pais que curavam seus filhos de alguma moléstia, e que eu tentava curá-lo, pelo menos nas minhas histórias.
É preciso coragem pra ser uma "péssima mãe atípica" nesse mundo (e nessa "comunidade") que nos força a sermos boas o tempo todo. Tentar dar voz através da comunicação alternativa também requer muita coragem, mesmo que ela venha de um protocolo a ser seguido, porque isso significa abrir mão um pouco da esperança de ouvir a voz do teu menino. Eu sei porque já passei por essa, não acreditava nem por um segundo que funcionaria. Torço pra que teu desejo se realize.
Aline, você é sempre muito verdadeira, com os outros e com você mesma, e está sempre 100% do tempo com os pés muito firmemente fincados na realidade. E o que você faz pelo seu filho você faz porque é o certo. Um abraço apertado pra você.
Nada de péssima mãe atípica não. Mãe atípica. Ponto. Péssimo é quem comemora a volta do Neymar pro Santos, quem achou que votar no Bocalom pra prefeito de Rio Branco foi uma boa ideia, etc. Ah, e obrigada por indicar a leitura do Três Camadas de Noite. Que belo livro. Já espalhei a propaganda.
Te leio porque admiro a sua lucidez, eu entendo como deve ser difícil aceitar a situação, eu tb gostaria muito de ouvir a voz do meu menino, talvez me revoltaria, não sei.
Mas vc faz o que é preciso, independente de qualquer coisa.
Encarar a sua verdade e expo-la mostra a sua coragem, que mendaz te admirar ainda mais a cada dia.
Aline, gostaria de coração que esse seu desejo se realizasse e voces tivessem boas conversas e ele pudesse te falar da grande mãe que voce obviamente é.
Aline. Leio há um tempo o que você escreve. Também sou mãe atípica de um autista, de alto grau de suporte, não oralizado que hoje tem 19 anos. Conheci você através do Thiago Ranniery que foi meu professor na pós (em algum momento ele compartilhou algo que você escreveu e eu achei interessante e comecei a te seguir... isso foi bem antes do diagnóstico do seu filho... falo isso só para te dizer que me identifico muito com alguns posicionamentos seus de mãe atípica que também são políticos). Meu filho só começou a se comunicar aos 12 anos e através da escrita. Quando isso aconteceu, percebi que todo o tempo e trabalho investido desde os 3 anos dele valeram muito a pena. Ele foi armazenando muita coisa, da maneira dele - e que era muito, mas muiiito melhor do que eu poderia conceber. Ainda assim, até hoje, comunicar é um trabalho de muita insistência. Mas o fato da gente conseguir conversar através da escrita dele já foi um salto e tanto. Também fazemos CAA para a comunicação rotineira. Confia, confia e confia.
Que alegria ter alguém que foi aluna de Ranny aqui. Obrigada.
No geral as pessoas gostam muito das “boas mães atípicas”, no sentido de conseguir achar sentido, propósito, crescimento nas adversidades que o autismo traz. Todas estão tentando fazer o seu melhor, mas sinto quase um “ alívio cristão” quando as pessoas exaltam essa visão, e nunca é por empatia real, é por manter de uma certa forma as mães conformadas e no seu papel de doar tudo sem reclamar, sem precisar de rede de apoio, sem política pública.
Meu filho tem 20 anos e é autista não verbal. Me separei da mãe dele quando ele tinha oito anos e fiquei com guarda dele. Eu também gostaria que meu filho falasse. E sempre há culpa na minha relação com ele. Afinal, além do autismo dele, sempre tivemos muitos problemas familiares para enfrentar. Depois eu reparei que nas histórias que eu escrevia, sempre havia pais que curavam seus filhos de alguma moléstia, e que eu tentava curá-lo, pelo menos nas minhas histórias.
♥️♥️♥️
É preciso coragem pra ser uma "péssima mãe atípica" nesse mundo (e nessa "comunidade") que nos força a sermos boas o tempo todo. Tentar dar voz através da comunicação alternativa também requer muita coragem, mesmo que ela venha de um protocolo a ser seguido, porque isso significa abrir mão um pouco da esperança de ouvir a voz do teu menino. Eu sei porque já passei por essa, não acreditava nem por um segundo que funcionaria. Torço pra que teu desejo se realize.
Obrigada, Gabi.
Aline, você é sempre muito verdadeira, com os outros e com você mesma, e está sempre 100% do tempo com os pés muito firmemente fincados na realidade. E o que você faz pelo seu filho você faz porque é o certo. Um abraço apertado pra você.
Me resta ser verdadeira em caso de não poder ser boa. ♥️
Nada de péssima mãe atípica não. Mãe atípica. Ponto. Péssimo é quem comemora a volta do Neymar pro Santos, quem achou que votar no Bocalom pra prefeito de Rio Branco foi uma boa ideia, etc. Ah, e obrigada por indicar a leitura do Três Camadas de Noite. Que belo livro. Já espalhei a propaganda.
Eu tenho gostado cada vez mais dos livros dela.
Nem tem o que dizer. Apenas mandar emojis: 🥰 🫠 😟
💛
Te leio porque admiro a sua lucidez, eu entendo como deve ser difícil aceitar a situação, eu tb gostaria muito de ouvir a voz do meu menino, talvez me revoltaria, não sei.
Mas vc faz o que é preciso, independente de qualquer coisa.
Encarar a sua verdade e expo-la mostra a sua coragem, que mendaz te admirar ainda mais a cada dia.
Receba meu beijo carinhoso
Obrigada por sempre estar aqui ♥️
Aline, gostaria de coração que esse seu desejo se realizasse e voces tivessem boas conversas e ele pudesse te falar da grande mãe que voce obviamente é.
Encarar a verdade é muito forte e doloroso. Parabéns por ser quem você é.