A angústia de sempre.
Por conta das politicagens da última semana (ver as últimas duas news), fui parar em algo que evito profundamente: grupo de mães no whatsapp. Seja grupo de mãe típicas, atípicas, esse é um negócio que não sei lidar, acho muita neurose concentrada. Sei que o problema é meu, porque, aparentemente, mães adoram grupos de mães e participam de vários. Eu silencio todos e arquivo, abrindo apenas em momentos chave, como agora, com o abaixo-assinado.
O que venho falar aqui rapidinho é sobre um incômodo antigo que nada tem a ver com os grupos propriamente ditos.
No grupo de mães atípicas, algumas delas também neurodivergentes, ainda não achei uma que tenha seguido uma profissão que não tenha a ver com autismo. Quando das apresentações, falei que minha escolha, difícil, mas muito convicta, todos os dias, era não desaparecer completamente em favor do autismo e continuar fazendo o que gosto, ou seja, criminologia, sociologia, pesquisa.
[Aliás, esse espaço e a força que vocês me dão aqui tem muito a ver com isso. Nessa news, falo de autismo até não poder mais; aqui, sou só a aline mãe de autista, e assim, libero outros espaços para poder ser outras; algumas outras que, inclusive, admito sem culpa, gosto muito mais].
Essa necessidade, imposta pela ausência de políticas públicas, de apoio, de conhecimento, e também de uma certa dose de culpa misturada com esperança, um sentimento de que “se eu fizer muito, se eu fizer tanto, se eu sacrificar tudo, meu filho terá tais e quais ganhos”, e muito mais coisas do que pode supor minha vã filosofia, criou um universo de mães psicopedagogas, analistas do comportamento, terapeutas ocupacionais, neuropsicopedagogas, advogadas pelos direitos dos autistas e por aí vai.
Desta vez, num cantinho de whatsapp menor, pude ter contato com uma mãe que declarou sentir falta de sua formação/profissão de origem e outra que ousou falar (obrigada, mulher!) que não se identificou de cara com todo esse campo de profissões do autismo, mas ficou nele por necessidade. Eu entendo muito e acolho todas essas escolhas.
Mas a minha escolha parece não ter inteligibilidade. Após dizer sobre ela, o silêncio reinou.
Muito se fala sobre o luto pelo filho idealizado pós-diagnóstico de autismo. Acho que precisamos falar mais sobre o luto da mãe por ela mesma, por todas as mulheres que conviviam dentro dela, não sem disputa, não sem conflito, mas que eram multidões, e que de repente, morrem. Sobra apenas uma, a mãe de autista, a mãe de autista profissionalizada em autismos, a mãe de autista diplomada em autismos, a mãe de autista litigante por autismos.
Eu não sou melhor que ninguém. Provavelmente, meu futuro será por aí também, mas enquanto as outras alines puderem sobreviver em cuidados paliativos, eu vou lutar por elas…
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Lute mesmo Aline, hj eu te entendo, pois mesmo não sendo mãe ou avô atípica, eu entendo, hoje, o quanto nos anulamos com a maternidade, imagino em casos atípicos.
Somos leoas lutando pela sobrevivência de nossas crias, mas elas crescem e seguem, de um jeito ou de outro, seguem e nós? Sobramos sem objetivos, sem saber o que fazer com aquele vazio que fica.
O Ben, se me permite chamá-lo assim, vai seguir, sei que vc vai ajudá-lo nesse sentido, mas não abra mão de vc, não se perca, segue em frente, mesmo que seja uma tarefa Hercúlea, que será, mas segue….
Acho que precisamos falar mais sobre o luto da mãe por ela mesma, por todas as mulheres que conviviam dentro dela, não sem disputa, não sem conflito, mas que eram multidões, e que de repente, morrem.
❣️ ela acha que não escreve, ela.🙂↕️
Esse espaço não é só refúgio seu. Aprendo muito aqui.
Que aqui permaneça.
Que seja terapêutico, seja renda e seja fonte de informações e inspirações.
😘