Gente…
A última semana de agosto concentrou agosto inteiro.
Teve de tudo: evento na UFS, reencontro com a Bruna, terapeuta com sugestão não solicitada de medicação tarja preta para Zé, a perda da minha principal rede social para enfrentar os dias de precariedade (sim, eu entendo o Ministro, só que vou ter que mandar meus boletos para ele pagar…).
Vamos por partes, então?
Primeiro, aconteceu o XIII Encontro de Pesquisa Empírica em Direito (EPED) que, a essa altura da minha vida acadêmica decadente, seria apenas mais um encontro. Porém, nas condições reais e materiais do meu contemporâneo, foi um acontecimento.
Como vocês sabem, minha mobilidade foi drasticamente reduzida pela maternidade atípica. Eu não posso sair por aí com Zé apresentando trabalhos e fazendo concursos. Muito estímulo, muita quebra de rotina, muita crise. Acabei me resumindo a eventos que ocorram online, híbridos ou aqui em Aracaju (ok, tecnicamente, a UFS é em São Cristóvão, mas dá no mesmo, salvo para os cristovenses que ficaram loucos quando a Duda do vôlei de praia ganhou ouro e divulgaram que ela é de Aracaju!).
Então, o EPED, um evento na UFS, minha universidade querida, que outrora seria como ir à padaria comprar pão, virou algo muito grande. Talvez, a resposta hoje possível para a pergunta insistente da analista que fica “e você? onde está a Aline nesse processo?”. CHATA!
A Aline, enfim, esteve feliz sendo a Aline mesmo, não a mãe, não a mãe do autista, não a que sabe que não há futuro para ela na academia. A Aline pesquisadora, que lutou para escrever uma tese e finalizá-la durante o puerpério e durante a pandemia “apenas” porque era seu desejo. Fiz duas participações no EPED, apresentei um trabalho num GT e estive numa mesa com ninguém menos que Dina Alves, em quem pude dar um abraço sonhado há muito tempo (é uma grande referência para mim).
Claro, isso foi possível pela mobilização de muitas mulheres. Minha mãe, que ficou com Zé; Letícia, a terapeuta que conseguiu encaixar uma horinha de terapia domiciliar com ele para aliviar a demanda sobre minha mãe; Ana Gabriela e Viviane, duas pesquisadoras de São Paulo, que eu não conhecia pessoalmente, e bancaram meu transporte de forma que eu pudesse estar na hora certa de deixar Zé na escola e buscá-lo, horas depois. A tão sonhada rede de apoio faz a gente até sonhar…
Aí, um momento de ouro, sei lá, segurei muito para não chorar, mas talvez nem devesse. Reencontrei a Bruna, uma amiga que não via há uns 5 anos, que mora em São Paulo (inegável que essa cidade maluca me trouxa muita amizade linda) e veio para o encontro. Foi rápido? Foi. Mas experimentei outro momento Aline. Estávamos, minha amiga e eu, na orla, só falando da vida - passava pela maternidade, mas só passava - por algumas horinhas. Na real, Bru e eu não nos tratamos por “amiga”, mas por “irmã” e isso aconteceu por maioria de votos. A gente se conheceu na balada e muita gente fazia a pergunta “vocês são irmãs?”. A gente aceitou e são anos de amor.
No meio disso tudo, voltando à maternidade - que obviamente nunca deixou de estar aqui - eu recebi umas mensagens de um terapeuta de Zé (não direi qual) sugerindo tratamento medicamentoso. Motivo: acontece bastante de meu filho desregular o sono e perder terapias pela manhã. Isso é meio sazonal, aí demanda ajuste no CBD e THC. Só que, detalhe, é a terapia que Zé menos engaja. Respondi educadamente que era mais fácil eu reduzir a quantidade de terapias do que enfiar tarja preta no meu filho sem qualquer indicação de neurologista, nem mesmo sugestionamento de psicólogas. A sessão seguinte dessa terapia em específico foi… ótima.
Volta à Aline. Artigo aceito, ainda com os resultados do doutorado, em uma revista que me orgulha muito. Vem aí. Parece que a vida acadêmica entrou em cuidados paliativos, mas estamos aí.
Antes de chegar à morte do twitter (nunca foi X), recebi uma mensagem da Ana Maria. Não falava com ela há muito tempo. Outra dessas preciosidades que São Paulo me deu. Podia ser para qualquer coisa que já me deixaria feliz. Mas é possível que seja para construir algo bonito juntas, um convite. E volta a Aline. Só Aline mesmo. Respiro. Obrigada, Ana.
Eita, agosto!
Finalmente, Alexandre de Moraes, aquele cara de quem eu tinha um livro de Direito Constitucional de qualidade duvidosa, mas que se tornou um Ministro do STF com boas decisões (e outras igualmente duvidosas) decidiu submeter Elon Musk às leis brasileiras, no que obra muito bem, como diria Franciel Cruz. O problema é que eu não tenho nada a ver com isso. O twitter era minha rede com 32 mil seguidores e a que me garantia divulgação de cursos livres, network (é assim que fala?) para freelas, ou seja, uma rede de proteção material mínima contra a precariedade. E quem vai ficar sem bolsa de pesquisa a partir de novembro? Exato. Se alguém tiver o endereço residencial do Ministro, eu preciso enviar meus boletos para ele. Sem ressentimento, só por necessidade mesmo.
Caso você não tenha o endereço residencial de Moraes, reflita sobre assinar essa newsletter por R$10,00. Você não vai ganhar nada com isso. É só por necessidade minha mesmo.
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Dei vários sorrisos lendo esse texto de Aline sobre um respiro Aline.
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Agosto só é de desgosto para quem não é leonino rsrsrs
Xero
Eu acho que o twitter vai voltar, mas não vai tentar o bluesky por enquanto?