15 de agosto.
43 anos de muitas escolhas ruins.
Nunca me ocorreu aquela história de “não estudei e passei”. Sempre, para passar, eu tive que estudar.
No final de semana tem CNU, vou fazer para um cargo absolutamente nada a ver comigo e com uma remuneração baixa, mas que me permitiria ficar em Aracaju.
Isso se eu tivesse estudado.
Se entre a inscrição e a prova não tivesse chegado o diagnóstico de uma síndrome rara (até quando, meu Deus????).
Vocês já sabem que em 2 meses acaba a bolsa do pós-doc, então, pulem os parabéns.
Primeiro porque não há nada para parabenizar a uma criatura que chegou aos 43 nesse estado.
Segundo porque você pode usar esse tempo precioso para me indicar para uma vaga de trabalho remoto. Pode ser freela, pode ser precário, pode ser mal remunerado, qualquer coisa.
Mas, por favor, não me encham de links “olha essa vaga aí”. Nada disso. Não é meu aniversário? Então, o presente não é me encher de links de vagas para as quais você supõe lá longe que eu posso estar qualificada (quase nunca estou, ninguém nunca acerta ou eu realmente não presto para nada - mas sem tempo para filosofia de quem vem antes, irmão!).
O presente é a indicação, bem bonitinha, redonda. “Ah, porra, tudo na mão?!”.
Sim, ultimamente, minha vida é o oposto de ter qualquer coisa à mão e estamos falando de um presente. Então, sim, na mão.
Estou, como milhares de mães de pessoas com deficiência, empurrada para fora do mercado de trabalho, mas o trabalho remoto nos deu alguma esperança.
Eu escrevo razoavelmente bem. Eu leio e traduzo do inglês para o português razoavelmente bem. Consigo me comunicar bem em inglês. Eu sou realmente boa pesquisadora (alô terceiro setor!). Lido bem com prazos. Sou formada em direito e tenho OAB (não tenho como exercer a presença em audiências, que ocorrem, em geral, pela manhã, mas redijo petições muito bem e não me importo de ser escritora fantasma, não preciso assinar nada com meu nome). Sou boa em dar aulas, cursos, sobre violência, crime, gênero, raça, classe, mas talvez isso esteja fora de moda, não sei. E já ajudei muita gente a escrever projetos de mestrado e doutorado que foram aprovados.
Sei lá, tem mais um monte de coisa que consigo/sei fazer, porque lido bem com comunicação via redes, e sou alguém que aprende rápido o que precisa. Ah, isso sem falar na temática autismo, que posso prestar consultoria jurídica com o pé nas costas. E veja, de repente, você está cheio(a) de trabalho e prazo e precisa de alguém para dar um alívio esse mês, pode me chamar também, posso ser sua secretária remota por um período.
Quem for professor de pós-graduação, tiver bolsa de pós-doc e puder bancar ter alguém sob supervisão que faça remotamente a pesquisa, bem, nem preciso dizer, entrego, e entrego muito bem, sobretudo no campo da criminologia, segurança pública, sociologia das prisões, que eram as minhas áreas quando eu era gente, e não mãe atípica.
Ah, é óbvio que se você não tiver nada disso para me oferecer de presente, eu aceito uma reza, uma oferenda, uma oração, mas de longe, para evitar o choro, ou mais choro. Agradeço de coração.
É isso. Amanhã não pretendo atender telefonema, mensagem, nadinha. É o primeiro aniversário da vida que esta leonina aqui sente uma necessidade absurda de se trancafiar e assim o farei.
(Mas é óbvio que algum familiar ou quase familiar vai aparecer sem ser convidado na minha porta… na família de vocês tem gente assim também ou fui… abençoada… mais uma vez?)
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Não tenho uma proposta pra te oferecer, mas estou sempre torcendo por você.
Se for vender curso ou qualquer outra coisa, tô na fila :)
Um beijo, espero que você fique bem <3
Cara, VAI ROLAR! Eu tenho fé, Aline! VAI ROLAAARRRRR esse job foda que tu quer!! 🤞🙌🙏